sexta-feira, 24 de julho de 2009

O tango

Eu olho.
Ele me olha.
Me desvio, envio.
Rodopio.

Encontro suas mãos no encontro dos corpos no encontro dos sons no encontro do desencontro.

Caio, rebaixo, rastejo me arrasto, rasteira rasteiro.

Tango sempre termina em morte ou abandono.


Como se dança o tango [tutorial]

Você diz que sim,
ele diz que não.
Você diz que não,
ele diz talvez.

Te esfrega, te nega, te pega, te joga.
Você diz que não, ele diz talvez.
Você diz talvez, ele diz AGORA.

Você se zanga, deseja, pede, implora,
ele te joga no chão.
Você rola, grita em silêncio,
ele ri.

Você ama, ele diz amar.
Ele é o primeiro a ir embora.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Fantome

É distante,

diferente,

triste,

só,

ser um fantasma.

Não fazer parte do (seu) mundo.

Apenas, vezenquando assombrar,

assustar.

Não ter pele,

não ter cor,

não ter som,

não ter toque,

não ter sabor.

Passar, fluido como o ar.

Invisivel como o ar.

Mas não necessário.

Não vital.

Não indispensável.

Ser soprado para longe.

Quando o que se quer é ser aspirado.

É distante,

diferente,

triste,

só,

ser um fantasma para quem ninguém reza.

Por quem ninguém reza.

O que não existe não existe.

Simples conclusão. Simples confusões.

Detalhes não existem para o que não existe.

Explicações não existem para o que não existe.

É distante,

diferente,

triste,

só,

não existir.

Não ser explicado.

Ser infinito, mas não explicado.

Ser infinito, mas não audivel.

Ser infinito, mas não tocável.

Ser infinito, mas cabendo, ajustado,

perfeitamente do lado de fora.

É distante,

diferente,

triste,

só,

ser um fantasma.

Não fazer parte do (seu) mundo.

Apenas, vezenquando assombrar,

assustar.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Eu queria essa tal de pele que todos falam.
Esses tais de dedos que todos tem, menos eu.
Esse tal coração.
Um que pulse forte, ou que apenas pulse.
Esses tais de olhos,
que de coloridos em coloridos só me mostram cinzas.

Não existe.
Se demora o toque, não existe o toque.
Se demora o olhar, não existe o olhar.
Se demora o beijo, não existe o beijo.

O que existe não demora.
Cobra, tem pressa, busca.
Penetra a pele em arrombos.
Derruba a porta sem ver se está aberta.

O que não existe sempre me engole.
Aperta o meu cérebro entre os dentes.
Extrai o suco do que sei de desejos.
Extrai o suco do que sei do gostar.

E me vomita.