quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O meio contra Alininha.

Alininha, filha de classe média alta, branquinha, bonitinha, toda sorrisos e covinhas, a princesinha da mamãe.

Quinze anos da mais bela pureza de tabús e conceitos que enfiaram na cabeça dela.

Não bebia, não fumava e achava que sexo era sujo, só servia pra reprodução.

Sabia direitinho pra que funcionava uma mitocôndria, até já tinha visto uma, mas, de pinto não entendia nada, nunca tinha visto um, nem quando o primo José quis brincar de médico.

Alininha que não tinha tudo o que queria, mas tinha tudo o que precisava, sempre dizia o pai.

Uma mãe, um pai e um apelido no diminutivo, que mais poderia querer?

Um colégio bom?

Já tinha.

Ursinhos de pelúcia?

Já tinha.

Empregada todos os dias?

Já tinha.

Já tinha.

Já tinha.

Já tinha...

Ia todo domingo na missa com a mãe e ouvia sem um pio.

Sabia as orações de cor e nunca nem pensava em dormir.

Acreditava que Jesus era um homem bom até pisarem no seu calo e que quando isso acontecia um raio carbonizaria o herege.

Alininha que só não tinha a boca costurada pra justificar o pouco que falava. Conselho de mãe. "O burro fala, o sábio cala".

Adorava ditados populares, tinha até um caderninho. Que menininha! Que pureza, diziam.

Mas não era o bastante pra Alininha...

Alininha agora tem 18 anos. Mora sozinha, faz programa pra sustentar o filho de 2 anos e mudou o nome para Samantha por ordem do pai que não quer mais nenhum vínculo com ela.

Que desperdício, diziam. Tinha tudo o que queria, até um apelido no diminutivo, jogou tudo fora, caiu na vida.

Caiu na vida? Que nada, aprendeu a viver. Conselho do Drummond: "Vai Alininha, vai ser gauche na vida".

2 comentários:

Laurita Danjo disse...

Grande Alininha e pobre coitado do pai.
:)
Adorei o texto.

david santoza disse...

alininha é mesmo nome de putinha.