terça-feira, 4 de março de 2008

AMOR CONCRETO.
(Murilo Benzatti Moro)

Outro dia encontrei o Amor, andando por ai pela rua.
Não era o que eu esperava que pudesse ser. Nem de longe.
Não tinha asas, nem arco, nem flecha.
Não tinha nem estatura para ser Amor.

Em vez de cabelo enrroladinho e nuvem fofa, um pirulito que ele lambia displicentemente.
E no rosto aquela espressão blasé de autoridade superior.

Tocou de roda em volta de mim gritando coisas sem sentido.
Apontava pra lá, outras vezes pra cá. Tapava meus olhos, um de cada vez.
Puxava minha mão, me fazia tocar nos outros.
Mexia meus lábios com cordinhas invisíveis.

Controlava cada passo, cada pensamento e fazia escorrer suor por lugares estranhos.
Brotava sensações em lugares errados.
Levava-me do topo ao chão em dois segundose sussurava que tudo ia acabar bem.

Depois corria com um sorriso no rosto.
Corria o garoto Amor, no auge dos seus oito anos de travessuras.
Um pirulito numa mão, um coração roubado na outra.

Um comentário:

Laurita Danjo disse...

E se a gente pedir pra ele escolher entre o pirulito numa mão e o amor na outra, acho que ele preferirá o pirulito.